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Sem PDD, Santander teria aumento no lucro de 8,8%

Publicado em Santander Sexta, 31 Julho 2020 15:58

 

Após aumentar a provisão para créditos de liquidação duvidosa (PDD) para R$ 10,4 bilhões, o Santander apresentou uma queda de 15,9% no lucro do primeiro semestre. Entretanto, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a queda seria uma alta de 8,8%, ao ser excluído o efeito da provisão extraordinária, elevando o lucro para R$ 7,749 bilhões.

 

"Não podemos deixar de observar que, apesar de o banco ter dito que houve queda de crescimento, não foi registrado prejuízo, mas sim um lucro de quase R$ 6 bilhões. E também é preciso ressaltar que a base de comparação é o resultado obtido em 2019, quando o banco registrou números astronomicamente altos", observou o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mario Raia.

 

Os valores das despesas com provisões para créditos de liquidação duvidosa (PDD) cresceram 63%. Segundo o banco, essa alta na PDD é decorrente de uma despesa de provisão extraordinária de R$ 3,2 bilhões no trimestre.

 

Apenas no primeiro trimestre de 2020, o lucro líquido gerencial do banco já havia sido de R$ 3,85 bilhões. Um aumento de 10,5%, quando comparado com o mesmo período do ano anterior. "Não podemos deixar de destacar que houve crescimento de 63% da PDD, mesmo tendo sido registrado um índice de inadimplência (superior a 90 dias) de apenas 2,4%, que, aliás, vem caindo", observou o dirigente da Contraf-CUT, que é funcionário do Santander. A queda da inadimplência citada foi de 0,6% pontos percentuais em 12 meses.

 

“Ou seja, houve queda de crescimento, mas essa queda se deu devido à reserva de recursos feita pelo banco para um possível calote que, na verdade, vem se reduzindo. Todo esse montante continua nos cofres do banco e podem ser resgados futuramente”, completou.

 

O dirigente lembrou, ainda, que o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE) ficou em 17,1%. Excluindo-se o efeito da PDD adicional, a rentabilidade ficaria em 22,1%. O país é o líder para a instituição no quesito lucro. "O Brasil é o país no qual o Santander obtém a maior fatia de seu lucro. Não dá para admitir que o banco obtenha 32% de todo seu lucro mundial aqui e vá para a imprensa dizer que as demissões que está realizando se dão em função do baixo desempenho das pessoas. Isso é inconcebível", criticou Mario. "E ainda não quer que se fale em metas abusivas?", completou.

 

Mario lembrou, ainda, que o Santander promoveu demissões durante a pandemia do Coronavírus. "Em nenhum outros país, o banco demitiu durante o período de pandemia. Aqui sim. Nos outros países, as horas não trabalhadas no período da pandemia são abonadas por serem consideradas como questão de saúde pública, aqui, o banco criou banco de horas negativas para aqueles que não puderam trabalhar", pontuou.

 

A instituição encerrou o 1º semestre com 46.348 empregados, com fechamento de 2.564 postos de trabalho em doze meses, sendo 844 apenas no segundo trimestre, durante o período de pandemia de Covid-19 no país. Da mesma forma, foram fechadas 93 agências em doze meses, sendo 50, entre março e junho de 2020.

 

“O banco promove uma verdadeira demissão em massa, mesmo após ter assumido o compromisso de que não promoveria nenhuma demissão durante o período de crise causado pela pandemia. É por isso que temos denunciado e vamos continuar denunciando essa falta de compromisso do banco com o país e com os brasileiros. Como os clientes podem confiar em uma instituição que deixa de honrar compromissos assumidos?”, questionou a coordenadora da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Maria Rosani.

 

Veja abaixo a tabela resumo do balanço, ou, se preferir, clique aqui e leia a íntegra da análise feita pelo Dieese.